Em meio à pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), a Prefeitura de Parnamirim tem adotado cada vez mais estratégias de maneira intensiva a fim de resguardar toda a população e evitar a proliferação do vírus no município. Diante disso, os profissionais da saúde que se encontram na linha de frente, estão desempenhando um trabalho desafiador e árduo no combate à Covid-19, uma vez que diariamente entram em contato com pacientes infectados e necessitam ter cautela também em relação à própria saúde e dos seus familiares, além de lidar com uma rotina exaustiva na qual requer foco e controle emocional.
A rotina na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Nova Esperança não é diferente, a equipe constituída por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, maqueiros, entre outros profissionais, enfrentam cotidianamente o vírus em sua forma mais agressiva, pois no estabelecimento hospitalar são tratadas as situações mais graves. O médico plantonista Emerson Marinho, relata a rotina na Unidade.
“Temos recebido muitos pacientes com muito medo da doença ao menor sinal que seja, com o psicológico muito afetado pela pandemia. Para mim está sendo um desafio. Cada vez mais estamos vendo o vírus mais próximo do nosso dia a dia. Recebemos pacientes com casos suspeitos e, proporcionalmente, mais pacientes graves. Para os profissionais da saúde é uma luta e tanto, por vários motivos. Primeiro porque ficamos cara a cara com o perigo. Sempre que atendemos um paciente com forte suspeita da Covid-19, que precisam ser submetidos a algum procedimento que envolva as vias aéreas, é um pouco assustador. Um ponto que angustia demais toda a equipe é a falta de um tratamento eficaz contra a doença. É frustrante quando alguns pacientes a desenvolvem em sua forma mais grave e, apesar de todo seu esforço, apesar de usar todas as medicações que você pode, eles muitas vezes não melhoram”, disse.
De acordo com o médico plantonista, paralelo ao trabalho na UPA, o receio da maioria dos profissionais refere-se ao contato com seus familiares. A orientação compõe uma série de restrições aos profissionais da saúde para que não haja o mínimo de contato com a família. Sobretudo, o apoio e a união entre a equipe são capazes de diminuir a barreira de distanciamento social e do afago familiar.
“Uma preocupação é transmitir para algum familiar, todos temos medo de contaminar alguém da sua própria casa. Felizmente eu estou morando só neste momento e tem sido um alívio nesse sentido. Apesar de tudo, nos apoiamos um nos outros. Nos hospitais encontramos colegas e amigos que nos ajudam a enfrentar os problemas, que nos abraçam apenas no jeito de olhar e falar, que nos dizem coisas positivas, que sorriem, que são exemplos de profissionais. Trabalhamos com alegria e isso faz toda a diferença. Apesar de todo sofrimento, conseguimos cativar sentimentos positivos depois de um plantão. O melhor deles é sensação de dever cumprido. De que demos o nosso melhor, talvez não tenha sido suficiente, mas demos o nosso melhor”, afirmou.
Desde o primeiro caso de Covid-19, confirmado no dia 13 de março, o município totaliza, até o momento, 317 casos confirmados, 9 óbitos, 137 pessoas curadas, 493 casos em investigação e 855 descartados. Em meio ao crescente número de casos positivos, há um aumento também do índice de pessoas recuperadas, muitos desses pacientes não precisaram ser internados e seguiram o regime de isolamento domiciliar.
Para Emerson, a pandemia tem dado muitas lições e uma delas foi acompanhar a evolução dos pacientes. “Outra alegria grande é ver um paciente se recuperar. Idosos, pacientes jovens, colegas da saúde, alguns que foram nossos professores, outros que foram nossos colegas de faculdade, outros que são amigos que trabalham conosco. É uma sensação de alívio e de vitória. Eu não imaginava passar por isso, pois apesar de estar acostumado a lidar com pacientes graves, não se tratava de uma doença tão contagiosa e em um número tão grande ao mesmo tempo. Uma outra lição que aprendi nesse momento é que de fato nosso serviço de saúde brasileiro, precisa evoluir e nossa população em grande parte precisa de mais educação. Aprendi que fazemos a diferença na vida de muitas pessoas, pois em momentos de fragilidade na saúde dos pacientes nossa intervenção muda a situação”, completou.
Uma das maiores orientações realizadas pelos profissionais de saúde à população, é o isolamento social. Neste momento, é importante que a população siga todas as recomendações do Ministério da Saúde e siga as orientações dadas pelo município.
O maqueiro da UPA Nova Esperança, Antônio, faz um desabafo. “Estou aqui porque é preciso, para ajudar ao próximo. Muitas pessoas pensam que é brincadeira, mas não é apenas uma gripe. Nós, que estamos na linha de frente, sabemos como é. Temos medo pela nossa família, porque podemos levar essa doença para casa, é um risco. Eu peço que a população siga todas as nossas orientações, que evitem aglomerações, usem máscaras, saiam quando necessário e higienizem as mãos”, falou.
A técnica de enfermagem da UPA Nova Esperança, Tânia Virgínia, ressalta a importância do cumprimento das medidas de isolamento. “Para mim, estar trabalhando aqui, é uma honra. Nós exercemos o nosso trabalho com todo amor, então nós pedimos a todos que fiquem em casa, porque nós estamos trabalhando com pessoas infectadas diariamente, por isso é imprescindível que a população tenha consciência, se proteja e faça sua parte.”, disse.
Fonte: PMP
Texto: Cintia Oliveira
Fotos: Ney Douglas