Com a chegada da pandemia da COVID-19 no Brasil, o país enfrenta novos desafios na Educação e Cultura. A mudança na dinâmica dos setores enfatizou dificuldades na manutenção das áreas, como a pouca adaptação ao ambiente virtual e a falta de recursos para garantir acessibilidade ao universo on-line. Diante do cenário de distanciamento social, escolas esperam vazias e artistas têm espaços de atuação limitados.
Entretanto, no último domingo, 28, duas instituições públicas do município de Parnamirim receberam a 2ª edição do POTIGRAFFITI – Encontro Nacional de Grafitti do Rio Grande do Norte. No evento, 24 artistas visuais potiguares pintaram as fachadas da Escola Municipal Doutor Sadi Mendes e da Escola Estadual Santos Dumont.
O evento aconteceu em simultâneo nos dois colégios, seguindo as medidas sanitárias de proteção contra o novo coronavírus e teve o “virtual” como tema, pensando nas transformações da comunicação e interação em decorrência da doença. A realização do segundo festival POTIGRAFFITI, iniciativa independente de grafiteiros nascida em Natal, em 2018, foi possível através do apoio financeiro da Lei Aldir Blanc. Pouco mais de 350 metros de muro foram pintados.
Sobre a participação na instituição Santos Dumont, o diretor Rafael Bellaver relata: “eu vejo grande valor cultural para a comunidade escolar, é uma aproximação da escola com a comunidade. É abrir as portas da escola para a linguagem popular, para o que os alunos conhecem, têm familiaridade. É uma união entre todos, uma verdadeira democracia”, defende Rafael.
Ainda em 2019, quando realizou seu primeiro evento, o POTIGRAFFITI também contemplou Parnamirim, promovendo o painel de graffiti e oficinas lúdicas com estudantes da Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes. De acordo com Erva Doce, estudante de Artes Visuais e uma das artistas idealizadoras do coletivo, “a ideia de pintar escolas surgiu da necessidade de estar ao lado do ensino público e básico. Inserir o graffiti nesses espaços é uma proposta política dessa arte: surge na periferia, vai até os grandes centros, mas precisa voltar”, explica a artista.
Texto: Eduarda Tinoco