A Covid-19, além de ser considerada como uma patologia respiratória, sabe-se agora, que os quadros de infecções podem evoluir em acometimentos renais, cardíacos, hepáticos e neurológicos. As estimativas da prevalência sinalizam que pacientes, diagnosticados com Sars-CoV-2, apresentaram problemas no cérebro, incluindo inflamação na região cerebral, perda de olfato, sensação de formigamento, aneurisma, acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico (AVE), síndrome de Guillain-Barré e diversas outras doenças associadas.
”O vírus da Covid pode causar um dano ao cérebro que acomete de diferentes formas, seja por uma invasão direta do vírus na região ou através dos pulmões, por exemplo, os quais apresentam complicações graves devido à baixa oxigenação. Essas situações podem gerar uma desobstrução de artérias ou das veias, surgindo a trombose venosa. O impacto do vírus no sistema nervoso acaba sendo maior e devastador”, explica o neurologista do Sistema Hapvida, Marcelo Marinho.
Além dos sintomas mais comuns já registrados pelos pacientes, estes indivíduos, com comorbidades ou não, também podem vir a sentir manifestações graves de desorientação, perda de memória e quadros neurológicos críticos, muitos vindo à óbito ou incorrendo em quadros com danos irreversíveis. ” Os potenciais efeitos neurológicos de médio e longo prazos da Covid-19 não devem ser negligenciados. Se o SARS-CoV-2 indicar manifestações neurológicas de imediato, ele pode reaparecer em indivíduos predispostos após o vírus permanecer latente por um longo tempo”, afirma o especialista.
Na disseminação do novo coronavírus, ele pode se espalhar por todo o corpo através da corrente sanguínea, segundo publicado no Artigo “Lifting the mask on neurological manifestations of COVID-19”, disponibilizado na revista Nature. Por isso, ”avaliações neurológicas constantes dos pacientes após a recuperação são cruciais para a compreensão natural da SARS-CoV-2, bem como para o monitoramento, prevenção e tratamento de sequelas neurológicas potenciais”, enfatiza Marinho.