A companhia Giradança estreia nesta quinta-feira (13) o filmedança Economia da Encarnação que reflete sobre a automitologia da fêmea – termo que amplia o ser feminino e suas possibilidades de narrativa. E no dia 14 será lançado o e-book Zona Dissoluta, um caderno de artista com anotações durante o processo de construção do filmedança. Os dois lançamentos foram contemplados pelo Rumos Itaú Cultural 2019-2020 e acontecem através da plataforma Zoom, sempre às 20h, com distribuição gratuita de ingressos pelo Sympla.
Uma obra que possui erotismo, não no sentido sexual, mas um erotismo no sentido de fundir corpos e dissolver fronteiras. Assim podemos definir o filmedança Economia da Encarnação, que apresenta a oportunidade de atribuir ao corpo múltiplas possibilidades.
A peça é um encontro entre as três bailarinas da companhia Giradança, Jania Santos, Joselma Soares e Ana Carolina Vieira, com a performer e coreógrafa convidada do espetáculo, Elisabete Finger.
“Esse encontro com o Giradança foi muito rico. Riqueza de material de movimento, material coreográfico. E também foi desafiador, desconstruímos muitas coisas, para poder construirmos outras. Mas senti que elas sempre estiveram muito disponíveis para pisar nesses terrenos desconhecidos, descobrir coisas novas, outras formas delas mesmas, outros corpos dentro dos seus corpos”, afirma a coreógrafa.
Elisabete explica ainda que a coreografia não é uma representação de histórias, mas a “encarnação” delas. “Se mitologias são formas de narrativas que transmitem determinados saberes, fizemos nessa peça nossas automitologias”, conclui.
Para Alexandre Américo, diretor artístico do Giradança, o filmedança revela um espetáculo que não tem tempo nem lugar definidos. “Pensamos em uma direção de vídeo que captasse imagens em um espaço sem contexto, para dar ênfase a esses corpos. Trabalhamos a pintura corporal nas fêmeas, observando como elas dançam, como se apresentam as automitologias”.
Zona Dissoluta
Zona Dissoluta é o segundo livro escrito e organizado por Alexandre Américo e trata sobre a tentativa de dissolução da imagem da deficiência que permeia a Companhia Giradança, deixando que a arte seja o tema principal, emancipando os corpos com ou sem deficiência.
Considerado um experimento político-estético, com projeto gráfico de Vinícius Dantas e fotos da artista Guesc, o livrodança fala sobre o que foi e o que pretende ser o Giradança, através de vários escritos, fotos e cadernos de artistas – diário de bordo de cada artista que participa da obra Economia da Encarnação.
“Compartilho, sem nenhum pudor, esses cadernos com erros, urgências e rasuras”, revela Alexandre Américo.
O livrodança é cheio de cores, texturas e conduções, através de hiperlinks, com uma incrível surpresa no final. Ele ficará disponível para leitura online e para download a partir do dia 14. No mesmo dia, logo em seguida, acontece a reexibição do filmedança Economia da Encarnação.
O filmedança Economia da Encarnação e o livrodança Zona Dissoluta têm o apoio do Rumos Itaú Cultural 2019-2020.
Giradança
Em 2005, no contexto da Cidade de Natal no Rio Grande do Norte, surge a Companhia Giradança tendo como fundadores os artistas da dança Anderson Leão e Roberto Morais. Logo agrupando outros artistas a companhia se estabelece, já em seus primeiros trabalhos, como uma zona capaz de gerar tecnologias inacabadas (coreografias) operadoras de corpos discursivos com o enfoque nas relações tensionais entre corpos com e sem deficiência.
A Giradança tem apresentado em palcos de todo o Brasil um trabalho que rompe preconceitos, limites pré-estabelecidos e cria novas possibilidades dentro da dança contemporânea. Com quase uma década de trabalho acumula diversos prêmios nos seus mais de 13 espetáculos de repertório, onde já se apresentou por mais de 15 estados brasileiros e 5 países.
Sobre o Rumos Itaú Cultural
Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 75,8 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas 1,5 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.
Na última edição, de 2019-2020, os 11.246 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 92 projetos.
Serviço
Lançamento do filmedança Economia da Encarnação e do livrodança Zona Dissoluta
Dias 13 e 14 de janeiro, às 20h
Através da plataforma Zoom
Reserva de ingressos: https://www.sympla.com.br/evento-online/filmedanca-economia-da-encarnacao–e-book-zona-dissoluta/1452807
Classificação indicativa: 16 anos
FOTO: BRUNNO MARTINS