Menos invasiva, com menor sangramento operatório, menor taxa de complicação no pós-operatório e recuperação mais rápida, a técnica cirúrgica Whipple via robótica tem se mostrado uma alternativa mais precisa e eficiente para aqueles que necessitam se submeter a cirurgia de retirada de tumor maligno ou de lesões pré-cancerígenas na cabeça do pâncreas, a duodenopancreatectomia. O método, que substitui a cirurgia clássica, na qual é feita uma abertura na cavidade abdominal do paciente, é considerado por especialistas o que há de mais moderno no tratamento cirúrgico desse tipo de tumor maligno. O Real Hospital Português (RHP) realizou o primeiro procedimento desse tipo, totalmente robótico, em fevereiro deste a no, tornando-se a única unidade hospitalar de Pernambuco a trabalhar com a técnica.
Outras vantagens da Whipple via robótica são o paciente sentir menos dor no pós-cirúrgico e a redução do tempo de permanência hospitalar, que fica entre sete a 10 dias. Na cirurgia convencional esse período é de 10 a 13 dias. “Com a oferta dessa técnica temos o que há de mais atual e seguro para os nossos pacientes no que se refere ao tratamento cirúrgico do câncer de pâncreas”, afirma o cirurgião oncológico do aparelho digestivo Euclides Dias Martins Filho, médico do Real Hospital Português. A primeira paciente submetida a esse procedimento na unidade de saúde foi uma mulher de meia idade que teve alta sete dias após o procedimento.
“No uso dessa tecnologia, fazemos cinco pequenas incisões no paciente e inserimos cânulas com instrumentais cirúrgicos. A cirurgia é realizada por meio de um robô que reproduz os movimentos do cirurgião. Este comanda tudo sentado à frente de um console (similar a um joystick de videogame)”, explica o médico. “É necessário ainda que outro cirurgião e um instrumentador cirúrgico estejam na sala de cirurgia ao lado do paciente. O cirurgião auxiliará o robô colocando, enxugando e aspirando sangue e secreções, quando necessário, e o instrumentador fará a troca de instrumentos no braço robótico”.
É Martins quem comanda a equipe composta por quatro cirurgiões, dois anestesistas e um instrumentador cirúrgico, preparada para realização desse procedimento. Ele relata que a maior precisão no procedimento com robótica se dá em razão desse recurso permitir a visualização tridimensional dos tecidos e o punho do robô realizar mais movimentos que o punho humano. “O pâncreas é um órgão muito irrigado e de difícil localização anatômica o que torna a cirurgia de alta complexidade. Com as pinças robóticas é possível fazer movimentos delicados e conseguir acessar regiões restritas.” Tanto a cirurgia feita com ajuda de robô quanto a clássica duram, em média, de sete a 10 horas .
CÂNCER DE PÂNCREAS – A maioria dos casos de pâncreas afeta a cabeça pancreática. Por ser de difícil detecção e agressivo, tem alta taxa de mortalidade. É mais comum a partir dos 60 anos e raro antes dos 30. Obesidade, diabetes tipo 2, tabagismo, consumo excessivo de álcool, baixo consumo de frutas, vegetais, fibras e carnes magras; e condições genéticas ou hereditárias, como síndrome de Lynch, caso anterior de câncer pancreático na família e pancreatite hereditária, aumentam o risco de desenvolver a doença, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).